Agora residindo na selva juntos, Elliot e Boog vivem harmoniosamente como grandes amigos até chegar o dia do casamento de Elliot com Giselle, momento no qual Elliot surta, coincidindo com a captura do Sr. Weenie pelos seus antigos donos. Acreditando tê-lo sido raptado, Elliot, Boog e toda a gangue partem numa missão resgate para tirá-lo das mãos de cachorros domésticos.
Apesar do sucesso modesto do primeiro filme, o bem regular e fraquinho “O Bicho Vai Pegar” (cujas morais tortas e obsessão pela mesmice era apenas redimida pelas vozes hilariantes de Martin Lawrence e, principalmente, Ashton Kutcher, que davam uma vida a mais à animação, a tornando em momentos divertida) essa continuação foi lançada diretamente em DVD tanto no Brasil quanto nos próprios Estados Unidos. A razão é bem clara: o orçamento ta bem menor e, por consequência, a própria estética da animação possui certos limites (algo que tentam contornar com utilizo de cores mais vivas), e claro, a ausência de Lawrence (Como Viajar com o Mala do Seu Pai) e Kutcher (Jogo de Amor em Las Vegas) como os dubladores da dupla principal. Em outras palavras, o segundo filme perdeu em técnica e no único ponto marcante do primeiro filme. É de se espantar (ou na verdade se deliciar), porém, que nem tudo está perdido.
O filme ainda não passa do regular, cansa pela falta de novidade, utiliza de clichés abundantes e se encaixa como uma luva no sub-gênero da animação de bicinhos-falantes, já desgastado. Mas ele agrada (em abundância até) seu público alvo, tenta fugir ao máximo de piadas ofensivas e contorna a moral torta que marcou o primeiro filme, aqui contendo uma admirável mescla de valores e lições. É algo que pode não deixa-lo um filme exatamente melhor, mas o deixa, sem dúvida alguma, como uma animação mais recomendável. Não trilha, por exemplo, no caminho do horrível “O Segredo dos Animais”, que é pura babaquice.
E se o filme perde (muito!) com a saída de Lawrence e o ultrajante Kutcher como dubladores (este garantindo os melhores momentos do original), ganha com personagens secundários, aqui os destaques sendo o cachorro Sr. Weenie, cujo sotaque alemão é genial, e o mimado e demoníaco Fifi, dublado com brilhantismo por Crispin Glover (A Lenda de Beowulf), cuja voz insere exatamente o tom preciso necessário para trilhar o sinistro e o cômico. Fifi rouba a cena e garante os momentos mais engraçadinhos da fita, que realmente é um poço raso. As boas idéias são poucas, as virtudes elementos que não permeiam toda a narrativa e é tudo bem limitado, algo de se esperar de um filme feito para o lançamento exclusivo apenas para locação e venda. Mas não algo de se esperar do diretor do super simpático “George – O Curioso”, ainda que o fraco aqui seje realmente o roteiro flácido.
Então o filme surpreende por não ser de todo um desperdicio e, principalmente, por oferecer um agrado mais que satisfatório para a criançada, que poderá dar uma boa risada. Mas no fundo é um filme cheio de falhas e um tanto longo pelos seus curtos setenta e seis minutos, faltando-lhe metade das idéias necessárias para a construção de um longa-metragem. Se mantém recomendável pela admiração que atinge por elementos isolados e o efeito esperado na audiência, mas não é recomendável de forma alguma para quem busca entretenimento com toques a mais. Não tem nada demais aqui, e Fifi e Sr. Weenie não valem a locação. Quando passar na televisão, porém, será um pedido dos mais agradáveis e descomprometidos. Porque para gostar de “O Bicho Vai Pegar 2″, é preciso estar levemente bem humorado e se deixar ser contagiado pelas cores e excesso de personagens, dos quais apenas dois se salvam da mesmice.
Nota: 5.0
Open Season 2 (2008)Direção: Matthew O’Callaghan (co-direção de Todd Wilderman)
Roteiro: David I. Stern
Elenco: Joel McHale, Mike Epps, Jane Krakowski, Crispin Glover, Cody Cameron, Billy Connolly, Olivia Hack, Danny Mann, Sean Mullen, Steve Schirripa
(Animação, 76 minutos)
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